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28 março 2010

Renúncia

Fui nova, mas fui triste; só eu sei
como passou por mim a mocidade!
Cantar era o dever da minha edade...
Devia ter cantado, e não cantei!

Fui bella. Fui amada. E desprezei...
Não quiz beber o phyltro da anciedade.
Amar era o destino, a claridade...
Devia ter amado, e não amei!

Ai de mim! Nem saudades, nem desejos;
nem cinzas mortas, nem calor de beijos...
- Eu nada soube, nada quiz prender!

E o que me resta? Uma amargura infinda:
ver que é, para morrer, tão cedo ainda,
e que é tão tarde já para viver!
In Renuncia, Lisboa 1926