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09 maio 2010

(Des)Confiança...

Arrancássemos nós agora o coração do nosso corpo, rasgando a pele, estilhaçando costelas, esventrando o mais profundo do nosso ser e o depositássemos sangrento e ainda a pulsar uma vida que entretanto se esfuma do nosso interior, nas mãos de quem gostamos, provaria esse gesto, esse ultimo sopro, finalmente a nossa dedicação?

Seria o sacrifício extremo a dissipar todas as dúvidas na mentes que nos desmentem ?

Senão que outra forma provará o que para alguns é a improbabilidade de um sentimento ?

Como se mostra algo que nos fica intrínseco, que nos percorre e corre pelas veias como mensageiros de intermináveis boas novas, que nos alimenta de vida e nos inunda com alegria ?

Como se mostra um sorriso que ficou gravado dentro de nós e como se mostra o vento morno que a simples memoria da sua imagem provoca em nós?

Não será a transparência nos nossos actos, nas nossas palavras suficiente para combater a opacidade desconfiada dos seus olhares, que lhes toldam não só a vista como a sensatez ?
Não será com certeza a nudez física a tornar os sentimentos mais visíveis, teremos então de nos descarnar de todo o nosso orgulho? Teremos de lacerar o corpo, esvai-lo de todo o sangue apaixonado que carregamos para que caindo aos seus pés se reflicta nos olhos de quem não o sente como verdade?

Para que o vermelho carregado possa enfim tingir com certezas onde a palavra não convence?

Como se ensina afinal que a confiança tem de existir primeiro que a suspeita?